Como é comum na maioria dos livros ateus contemporâneos, Sam Harris enumerou diversas atrocidades cometidas no nome da religião como evidência para o falhanço da fé religiosa. Ele diz:
Sempre que ouvires que alguém começou a matar não combatentes indiscriminadamente, questiona-te acerca do dogma que os impele. O que é que estes assassinos acreditam. Vais ver que é sempre - sempre - algo absurdo. (2004, p. 106, ital. in orig.)Embora Harris esteja errado em equivaler o Cristianismo do Novo Testamento com outras religiões, ele está certo em afirmar que pessoas que matam não combatentes de forma indiscriminada estão iludidas com alguma crença absurda. Infelizmente, o Sam Harris não se apercebe que ao fazer esta declaração, ele classificou o ateísmo como uma crença absurda.
O termo "não combatente" não é difícil de compreender. O mesmo classifica pessoas que não estão envolvidas numa guerra, tumulto ou situação de combate. De forma geral, o termo descreve mulheres e crianças inocentes.
Se fossemos a perguntar que categoria humana melhor se encaixa no termo "não combatente", concluiríamos que os bebés são a tal categoria. Daí se infere que qualquer crença moderna que advoga a matança de bebés inocentes é uma crença absurda - segundo o Sam Harris.
Quando olhamos para os escritos de Sam Harris, descobrimos que a sua filosofia ateísta justifica a matança indiscriminada de bebés não nascidos. Harris, tal como os seus irmãos na fé ateísta, suporta o aborto.
Como é que o Sam Harris não se apercebeu da conexão entre a sua visão pró-aborto e a matança indiscriminada contra a qual ele se expressa? A resposta está manifesta nos seus próprios escritos, uma vez que ele colocou uma questão semelhante:
Como era possível um guarda nazi voltar dos campos de matança todos os dias e ser um pai amoroso para os seus filhos? A resposta é surpreendentemente directa: os judeus que ele torturava e matava não eram o objecto da sua preocupação moral. Não só eles eram estrangeiros à sua comunidade moral, como eram contra a mesma.Sam Harris acertadamente concluiu que os nazis racionalizavam a matança de judeus excluindo os judeus da categoria humana e, desde logo, indignos de pertencer à mesma comunidade moral que os nazis.A sua crença em relação aos judeus impediram o aparecimento da natural simpatia humana que de outra forma lhe teria impedido que ele levasse a cabo tal matança. (2004, p. 176).
Obviamente que o ateu evolucionista Sam Harris não acredita que os nazis tinham o direito de ter este sistema de crenças. Harris acredita que os nazis eram culpados de perpetuar actos moralmente condenáveis. No entanto, e de forma surpreendente, uma página mais tarde Harris mostra que a sua versão do ateísmo está ao nível do hipotético soldado nazi aludido em cima. Ele afirma:
Incidentalmente, é aqui que uma resposta racional para o aborto está à espreita. Muitos de nós considera o feto humano durante a altura do terceiro trimestre como sendo mais ou menos como um coelho: havendo imputado a ele uma gama de felicidade e sofrimento que não lhes dá um estatuto completo dentro da nossa comunidade moral.O soldado nazi justificava a matança diária de judeus dizendo que os mesmos estavam fora da sua comunidade moral. Os ateus como o Sam Harris justificam a matança indiscriminada de crianças inocentes e não nascidas afirmando que os mesmos não possuem "um estatuto completo dentro da nossa comunidade moral".Presentemente, isto parece razoável. Apenas futuras descobertas científicas podem refutar esta intuição. (p. 177, ênfase adicionado).
Conclusão:
De acordo com o Sam Harris, nós temos que descortinar qual o dogma absurdo que justifica o suporte que a comunidade ateísta dá ao aborto. Quando nós o fazemos, verificamos que o dogma que dá suporte pseudo-científico ao aborto é a crença de que os seres humanos são organismos naturais que evoluíram de animais inferiores durante milhões de anos.
Esta crença absurda remove a humanidade e a dignidade que são garantidas pela crença No Criador Divino. Pior que isso é o facto do ateísmo conferir aos seres humanos (e não a Deus) a autoridade final no que toca a determinar quem tem (ou não tem) "um estatuto completo dentro da nossa comunidade moral".
Se o ateísmo está certo, é moralmente aceitável redefinir a comunidade humana de forma a incluir animais, ou excluir algumas categorias de humanos. Para além disso, poderia ser moralmente justificável matar indiscriminadamente não combatentes escolhendo-se um critério arbitrário como a idade, a capacidade mental ou habilidade física.
Mas o Sam Harris declarou acertadamente que qualquer sistema de crenças que pactua com tais acções é "sempre - sempre - um absurdo".
Conclui-se portanto que, de acordo com o Sam Harris, o ateísmo é um absurdo. Sempre.
Butt, Kyle (2007), “All Religion is Bad Because Some Is?”
Harris, Sam (2004), The End of Faith (New York: W.W. Norton).
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ResponderEliminar"if God exists, He is the most prolific abortionist of all.” Sam Harris
ResponderEliminarAvisa-se o senhor Nuno Dias de que o problema intelectual sobre o mal moral e o mal natural já foi resolvido na Idade Média.
Um aborto natural de um inocente é um mal natural. Um aborto deliberado de um inocente é um homícidio, um mal moral.
A objectividade do mal, seja moral ou natural, resulta dele ser sempre o desvio de um Bem, de um sentido, daquilo que as coisas deveriam ser.
Se Deus existe, isto é verdade.
Este blogue não pretende explicar teologia
cristã para totós. Se quiser, o senhor Dias pode encontrar noutras fontes textos filosóficos cristãos sobre o problema do mal.
"Se o ateísmo está certo, é moralmente aceitável redefinir a comunidade humana de forma a incluir animais, ou excluir algumas categorias de humanos." Peter_Singer
Por aqui se vê a sociopatia de Peter Singer. O amiguinho dos animais que diz que a vida de uma ratazana pode valer mais do que a de um bebé ou deficiente mental profundo. Não é a comunidade humana que precisa ser redefinida, é a liberdade de Peter Singer; o qual deveria pagar na cadeia o crime de violação dos direitos humanos, já que assume abertamente lutar pela sua eliminação, em nome da luta contra aquilo que a besta chama "especismo". Qualquer outra pessoa que dissesse lutar contra os direitos humanos, seria considerada confessora de um crime. Não percebo a excepção que é dada a criminosos como Peter Singer.
"Tomando como exemplo uma favela onde o controlo e instrução da população é extremamente difícil. Qual é a melhor medida a longo prazo?"
Quem pretenderia "controlar" populações, a não ser um revolucionário otário?
"Impedir o aborto e permitir que essa população aumente em número e piore em condições incluindo a realização de abortos clandestinos
ou
permitir o aborto até às 12 semanas minimizando o problema?"
Mas que difícil dilema ético: permitir que a população cresça, ou matar a população para que ela não cresça. Hum...tenho dúvidas.
Ajuda-me lá, porquê só a hipótese de legalização da matança até às 12 semanas de vida dos seres humanos que vivem em favelas, como medida de resolução dos problemas de "instrução" e "controlo da população". Por que não até aos 12 anos?
"Repare-se que controlando a natividade da população através do aborto é matematicamente possível salvar uma maior número de vidas."
Exacto. Controlando o número de nascimentos através da matança de seres humanos concebidos, antes que eles nasçam; ajuda a salvar imensas vidas. Ficamos com uma população mais reduzida, que era o objectivo idealizado. Logo, mais vidas assassinadas, mais vidas salvas.
"São este tipo de questões que se colocam na sociedade actualmente. E não as demagogias baratas de uns serem próvida e outros prómorte."
Exacto. Porque sooms todos contra o aborto e tal. E ninguém gosta mais de bebés do que os abortistas.
A questão é se matamos ou não bebés nas barrigas das mães, ou deixamos que todos os bebés que estão nas barrigas das mães nasçam.
Em momento algum ser considerado que esta é uma questão de vida ou de morte. Até porque os médicos abortadeiros sabem que o objectivo do acto de abortamento não é concretamente dirigido contra um ser vivo, para que no final ele esteja morto.
Dias, procura ajuda psiquiátrica. Que é para não te chamar outra coisa pior...