quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ignorância conveniente

O aborto é terminar a vida dum ser humano indefeso e inocente, mas um dos argumentos usado pelos defensores da matança de bebés é o de "não se saber quando começa" a vida humana. Supostamente, como "não se sabe", todos aqueles que são contra a matança de bebés podem até estar a conferir direitos humanos a aquilo que (segundo os aborcionistas) ainda não é humano.

Mas esta posição é ridícula a vários níveis. Primeiro, como já mostrou o Jairo neste post, há formas de se saber que o ser que está no ventre materno é humano:

Biologia:

  • Não há ser mais ou menos humano do que outro. Ou se é humano, ou não se é humano. Humanidade não se adquire com tempo ou nutrição, ela é inata. Quem não é humano, não se tornará humano jamais, por mais tempo que passe e por mais nutrido que seja.

Mas vamos assumir que, contrariamente ao que os dados mostram, "não sabemos" se o ser é um ser humano ou não. Qual seria o passo lógico a tomar em relação ao aborto? Para ilustrar melhor este ponto, deixo aqui dois exemplos ditos por amigo do Facebook.



Mesmo que não se saiba se o feto é ou não humano, é sempre mais seguro agir segundo a posição de que é humano. Kreeft usou um exemplo da caça:

Imaginem que vocês estão a caçar e de repente notam alguns movimentos no arbusto alguns metros à frente. Vocês sabem que há outros caçadores nesta mata mas não sabem se o que está nos arbustos é um ser humano, um animal ou só o mover causado pelo vento. Qual é o passo mais seguro?

Se tu arriscas e disparas, podes ser acusado de negligência criminosa porque não sabias quem estava lá. Poderia ser uma pessoa, mas tu atiraste para matar.

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Agora imagina que vais a conduzir durante à noite e notas um conjunto de roupas no meio da estrada. Parece que se move e pode ser só o vento, mas também pode ser um sem-abrigo bêbado ou um tóxico dependente desmaiado e deitado no caminho. Donde tu estás não consegues ter a certeza. Qual é a melhor opção? O que é que dirias?

Bem, não deve ser nada. Vou mas é acelerar e passar por cima do que eu penso ser um conjunto de roupas e nada mais.
Neste exemplo, bem como no primeiro, é sempre melhor assumir que se trata dum ser humano (mesmo que não tenhamos forma de confirmar do lugar onde estamos) porque se adoptarmos a posição de que não é um ser humano e errarmos, as consequências são bem mais graves.

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As aborcionistas, por outro lado, alegam que "não sabem" se é um ser humano, no entanto operam segundo a posição de que não é um ser humano. Das três uma:

  • Ou elas conscientemente sabem que é um ser humano, e mesmo assim suportam a sua matança - isto torna-as em assassinas premeditas;
  • Elas verdadeiramente não sabem se é ou não um ser humano - neste caso tem que explicar o porquê de operar segundo uma via que mata aquele que pode ser humano. (Se não sabem se é ou não um ser humano, o mais seguro é suspender a matança até que se saiba.)
  • Elas acreditam que não é um ser humano mas mentem quando dizem que "não sabem".

Estou mais inclinado a acreditar que as feministas assumem que o feto não é um ser humano, e como tal, para elas não há mal em matar o bebé. Aliás, algumas feministas tem sido vocais em afirmar que o bebé não é humano. Se esta é sua posição, então é o seu dever oferecer algum tipo de argumento que suporte a noção de matar um feto não é matar um ser humano.

Até lá, o mais ético e moralmente correcto é terminar com a matança.




  • "Se o ovo fertilizado não é nele mesmo humano, então nunca se poderia tornar num humano porque nada mais é acrescentado a ele [até nascer]"
(Jérôme Lejeune, geneticista, e responsável pela descoberta do síndrome de Down)

  • "É cientificamente correcto afirmar que vida humana individual inicia no momento da concepção."
(Dr. M. Matthew Roth, Universidade Médica de Harvard)

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