Pesa 3,570 quilos e mede 50 centímetros, é "perfeitamente saudável", mas ainda não tem nome. A bebé recém-nascida que foi encontrada abandonada na rua Joaquim António de Aguiar, Porto, anteontem ao início da manhã, dentro de um saco reutilizável de um hipermercado está internada no Hospital de São João enquanto o tribunal decide o seu futuro.
"Tem 39 semanas de gestação. É uma criança de termo de gravidez, saudável. Como se fosse um parto normal", disse Gorett Silva, médica especialista em Neonatologia do Hospital de São João. "Agora está internada na Obstetrícia como um bebé saudável", acrescentou ao CM Manuela Rodrigues, especialista no mesmo serviço.
Em Obstetrícia, a menina é conhecida por "bebé". Hoje já deverá receber um nome, atribuído carinhosamente pela equipa. "Nestes casos, normalmente os bebés saem daqui com nome atribuído e um saco com prendas, para o enxoval, dado pelas enfermeiras que os adoptam emocionalmente", revelou Gorett Silva.
O Tribunal de Família e Menores vai tomar hoje conhecimento do caso. Se a bebé não for reclamada por familiares vai para uma casa de acolhimento e será dada para adopção.
"A MENINA CHORAVA MUITO"
Rosa Santos, que possui uma banca de venda de flores junto ao cemitério, foi surpreendida na manhã de anteontem. Eram 07h50. "Estava a chegar ao trabalho e vi aqui a polícia", começa por contar a mulher, logo descrevendo como tudo se passou. "Um homem tinha passado a pé por aqui e ouviu uma bebé a chorar muito. No início até lhe pareciam gatos a miar, mas era mesmo uma menina", contou ontem ao CM Rosa Santos.
Enrolada num toalha de rosto e colocada num saco de plástico reutilizável, a bebé não tinha ainda o cordão umbilical fechado e encontrava-se com marcas visíveis do parto. No local, eram também perceptíveis as marcas de humidade e de sangue.
"Estava toda tapadinha", reforçou ainda Rosa Santos, que não escondeu a indignação pelo facto de alguém ter abandonado a recém-nascida. "Oxalá venha a ser descoberto quem é que fez isto. Trata-se de um ser humano", exclamou a vendedora.
TRIBUNAL REGISTA MENINA COM NOME E APELIDO
Quando um recém-nascido é abandonado, é o tribunal que depois escolhe o nome e apelido da criança e a encaminha para uma casa de acolhimento.
Desde que a recém-nascida foi encontrada, a principal preocupação foi o seu estado de saúde. Após receber tratamento no Hospital de São João, a assistente social da unidade hospitalar vai tomar hoje conta do caso e informar o Tribunal de Família e Menores. Tal como noutros casos idênticos, é o tribunal que vai registar a criança, dando-lhe um nome e apelido, e encaminhá-la para uma instituição.
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