O testemunho de Maria chega-nos através de uma carta ao director de La Razón, o jornal que a publicou em Janeiro de 2001. Em dois parágrafos apenas, esta mulher de 31 anos conta-nos o que sofre agora depois do aborto e como pede perdão ao seu próprio filho.
Tenho 31 anos e matei deliberadamente o meu filho. Quando soube que estava grávida, não contei a ninguém. As minhas perguntas eram: o que é que eu vou fazer? Que hei-de fazer com o meu filho? Absurda, egoísta, calculista e fria como uma pedra. Só me queria livrar daquilo que me perturbava e fui à clínica.
Santo Deus! Como fui estúpida! Agora penso no meu bebé a cada instante, penso que sou egoísta, fria, criminosa… De certeza que poderia ser bem-sucedida, como tantas mulheres. Quem me irá perdoar isto? O meu bebé já não está cá, e eu estou vazia, completamente vazia.
Quero que Deus me perdoe, mas penso que o que fiz foi tão cruel que nem sequer Deus me pode perdoar.
Nem o meu bebé, que não teve a oportunidade de ver o Sol, ou o mar, nem de respirar… Nada. Fui eu o seu juiz e condenei-o à morte só pelo facto de existir, de estar dentro de mim.
O meu bebé, por quem choro agora… Espero, meu filho, que algum dia me possas perdoar. Eu nunca hei-de perdoar a mim mesma enquanto viver.
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