sábado, 14 de janeiro de 2012

A cultura do amor ( por Isilda Pegado)


« Portugal tem desde há 4 anos uma lei que atenta contra a vida humana não só nos primeiros tempos (aborto até às 10 semanas) como também ao longo da vida fértil das mulheres que a tal flagelo se submetem.

O aborto é sempre um mal: para a criança porque é impedida de nascer; para a mulher que o pratica porque física e psiquicamente fica com marcas para o resto da vida; para o pai porque de uma forma ou outra (umas vezes é o impositor do acto, outras porque contra a sua vontade) acaba por carregar aquela culpa e dor; e para a Sociedade que assiste e tem dentro de si estes sofrimentos que tantas vezes geram agonias, danos, depressões e até violências diversas.

Esta lei que liberalizou o aborto em Portugal produziu já nas camadas mais jovens, em especial nas raparigas, uma mudança de mentalidade plasmada na ideia de que – o que está na Lei é bom. Isto é, o aborto nada terá de censurável porque é um acto legal. Famílias que se confrontam com jovens filhos que chegam a casa e debitam naquele sentido. Colégios de matriz Católica onde os alunos (do secundário) acham que, a divergência entre o ensinado no Colégio (contra o aborto) e a Lei (que o permite) só mostra o “atraso do Colégio”, etc..

Muitos outros países já viveram o que estamos agora a viver. Nesses países foi mantida a Verdade, através das Igrejas e dos Movimentos de Defesa da Vida. Têm sido lutas de décadas cujos resultados são tantas vezes infrutíferos à luz dos critérios do mundo, mas que no tempo, têm gerado uma nova mentalidade que aposta na dignidade de toda a vida humana e na protecção que a esta, a Sociedade e o Estado devem conferir.

É também este o nosso papel dizer todos os dias a Verdade – A vida humana tem de ser protegida, as mães, pais e famílias devem ser apoiados para suprir as dificuldades que as levam ao aborto, e o Estado tem de dar sinais de apoio claro à maternidade.

O Estudo que a Federação Portuguesa pela Vida apresentou ao País com os números do aborto e os custos deste, revelaram que estamos a “pôr o dedo na ferida”. Do outro lado não houve reacções credíveis.

Sabemos que por todo o País o voluntariado nesta matéria – apoio a mães e crianças em risco – está a crescer, umas vezes institucionalizado outras de forma anónima. Chegam-nos os relatos de profissionais de saúde indignados com a destruição que esta lei está a fazer (nomeadamente porque se tornou um meio contraceptivo – 3 e 4 abortos praticados pela mesma mulher) lançam mãos a formas alternativas de agir, e até a apresentar a objecção de consciência ao aborto que não tinham apresentado inicialmente.

Muitos são os relatos e “histórias” de gente que se empenha em “salvar uma vida”, em geral contadas com grande emoção e felicidade. São histórias de vida que exigem recato e muita, muita confidencialidade para que ninguém saia magoado.

Por isso, há sinais de Esperança numa sociedade que tem consciência do mal que é o aborto e aposta em cada momento na busca de uma solução de Vida e de Amor.

Este trabalho capilar pode, e estamos certos, fará uma nova cultura.

Como sabemos os momentos tendencialmente mais frágeis do ser humanos são o início e o fim da vida.

Vivemos numa época onde a solidariedade é proclamada por todos. A solidariedade não pode ser uma palavra vã ou de retórica. Proteger a vida humana no início e no fim da vida são seguramente os pressupostos mais elementares de uma Cultura solidária de Vida e de Amor.»

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